De conteúdos violentos a falta de escuta: especialista aponta causas para alta de agressões em escolas estaduais em Campinas

  • 17/10/2025
(Foto: Reprodução)
Cresce em 26% número de agressões dentro de escolas estaduais em Campinas Os casos de agressões físicas e verbais em escolas estaduais de Campinas (SP) cresceram 26,8% em 2025. Dados obtidos pela EPTV via Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam 4.678 registros entre fevereiro e agosto, contra 3.689 no mesmo período do ano anterior. Telma Vinha, professora da Faculdade de Educação da Unicamp, destaca que o dado é alarmante, mas não surpreende, e reflete uma realidade das escolas em geral, não só no Brasil. "Tem algo errado. A gente tem que olhar para isso. A sociedade está demandando, e os adolescentes, as crianças, pela Constituição, pelo Estatuto da Criança e Adolescente, eles devem ser nossa prioridade absoluta", afirma. Mas o que pode explicar esse crescimento? Segundo a especialista, a resposta passa por conteúdos violentos e discursos de ódio em plataformas digitais onde os jovens interagem, além da falta de espaços de escuta e de resolução de conflitos. Siga o g1 Campinas no Instagram 📱 Os vários estudos têm mostrado, de fato, um aumento das violências, agressões físicas, agressões verbais, aumento do bullying, aumento de situações de racismo e também daquilo que a gente chama de manifestações perturbadoras, as indisciplinas, as incivilidades, as transgressões das regras. É alarmante, não surpreende, mas é altamente preocupante, porque significa que as ações que nós estamos tendo enquanto política pública para que a escola seja um espaço de proteção, de cuidado, um espaço de relações com qualidade melhor, não estão sendo efetivas. A professora da Unicamp defende que o momento atual exige que as escolas ampliem os espaços de escuta para os adolescentes. "Os adolescentes colocam muito essa dificuldade que eles não são ouvidos pelos adultos, tanto na família como nas escolas. Então, a gente precisa ampliar esses espaços de escolas, espaços de escuta, espaços de participação, resolução de conflitos de uma maneira mais construtiva", diz. 'Ecossistema de violência' Telma Vinha afirma que existe um "ecossistema de violência", onde, para além das redes sociais, há lideranças que "incentivam muitas vezes resoluções por meio de agressão e não por meio de diálogo". A especialista aponta entre os fatores que corroboram para o aumento de violência nas escolas os ambientes com pouca tolerância ou aprendizagem no processo de resolução de conflito. "As políticas públicas que a gente tem acompanhado, em geral, e não é só na rede estadual, elas se pautam muito em formação de professores em geral, em manuais ou protocolos, que não chegam à escola, que não transformam esse coletivo da escola". Para Telma, as políticas públicas precisam, de fato, ir além da formação e oferecer suporte para que os profissionais consigam criar um ambiente escolar mais envolvente. "Que tenham rodas de diálogo, assembleias de alunos, comunidades de apoio entre eles, em que efetivamente transformem a cultura da escola. Para não ser algo frio, ser algo mais envolvente ali", pontua. Geração mais violenta A especialista alerta que esse cenário provoca reflexos na saúde mental de crianças e adolescentes, que desde 2024, representam a maior fatia da população que procura atendimento no SUS. "Você tem uma nova geração que está adoecendo mais emocionalmente, e uma nova geração que é mais violenta, que se envolve mais com conflitos". O que fazer para mudar? Telma defende que ao trabalhar com escolas, o foco não deve ser apenas estudantes ou professores, mas em toda a comunidade, e que medidas pontuais têm pouco êxito na resolução dos problemas. "Ou a gente desenvolve programas que, de fato, vão à direção da escola, atuem nos problemas, tenha tempo para reflexão, tenha um apoio para que se transforme, ou a gente vai ter muito pouco êxito nessa área". 'Chegaram a me dar soco' Adolescente relata ter sofrido agressões em uma escola estadual de Campinas Reprodução/EPTV A EPTV conversou com uma estudante que relata ter sofrido violência em uma escola de Campinas (SP) há, pelo menos, dois anos. Ela mostrou os hematomas na perna, resultado da última ação violenta. "Agressões verbais e não verbais envolvendo chutes, bullying por causa do meu cabelo, por causa do meu peso. Me chamam de gorda. Chegaram a me dar soco, chutes, puxão de cabelo, tapa". Ela também reclama da atitude adotada pela direção da escola, que a colocou para fazer uma atividade com o adolescente que agrediu. "Simplesmente, fez a gente fazer um trabalho sobre conscientização de lixo, junto com o agressor". "Ela não tem vontade mais de viver na realidade, só de ir pra escola. Bem complicado. Tá passando com psicólogo, psiquiatra. Pro ano que vem eu preciso que transfiram ela de escola, porque não tem como continuar nessa", desabafou a mãe. O que diz a Secretaria de Educação? A Secretaria da Educação do Estado afirmou que tem intensificado as ações de combate à violência no ambiente escolar. Disse que o sistema de registro de ocorrências passou a ser integrado a outros órgãos estaduais, o que contribui para respostas mais ágeis e coordenadas das equipes escolares. Segundo a pasta, as ações da Ronda Escolar também foram reforçadas e o número de profissionais do programa Psicólogos nas Escolas foi ampliada. Hoje a rende conta com 725 professores orientadores de convivência, ressaltou a Seduc. Em relação ao caso da estudante citada na reportagem, a Educação disse que todas as medidas cabíveis foram adotadas pela direção da escola à época. Os responsáveis foram acionados e a Unidade Regional de Ensino Oeste efetuou a transferência dela para a escola solicitada. O que acontece quando um menor comete ato considerado crime? VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/10/17/de-conteudos-violentos-a-falta-de-escuta-especialista-aponta-causas-para-alta-de-agressoes-em-escolas-estaduais-em-campinas.ghtml


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